Da minha mais tenra idade e que posso me lembrar é que na aldeia em que eu nasci e vivi até quatorze anos de idade, existia um sentimento de solidariedade [soli-(darie)-dade] que nos irmanava a ponto de uns quererem o bem dos outros. Foi assim no meu tempo, por que aprendemos dos pioneiros a nos ajudarmos e fazermos o bem um para o outro, por que se não fosse assim, a maioria ou todos fracassavam.
Fazer o bem era, também, ajudar no broque (derrubada da mata nativa) para o plantio. Era comum uma família deslocar-se de sua propriedade para a propriedade vizinha para ajudar em determinados serviços em que a mão de obra familiar não seria suficiente. Lembro-me que algumas vezes o meu pai mesmo depois de ter ajudado a botar fogo no broque de algum compadre, às vezes era chamado no meio da noite para tentar conter o fogo que havia rompido os “alceiros” = (Aceiro s.m. Espaço desbastado de vegetação, que se abre para impedir a propagação do fogo). Tudo isso era o bem, como também era o bem caçar os animais, hoje extintos ou em extinção (que era uma espécie de diversão para os adultos) e que no dia seguinte as mulheres tratavam as caças e era comum mandar uma banda ou um quarto para um compadre, ou sogro, ou genro, enfim, para alguém por quem se tinha apreço.
Quem não se lembra de como era festivo e divertido os dias em que nos reuníamos para tapar uma casa de taipa, era normalmente regado a uma boa panela de feijão com toucinho dentro e outra de arroz da terra e outra com carne de porco (casca e nó) mechido com pão-de-milho. E para os que apreciavam: uma cachacinha. Mas nos dias que íamos tapar uma casa era necessário ter cuidado, com o mais moleque da turma, que normalmente começava a brincadeira de jogar barro nos outros antes da hora. Acertou quem lembrou do tio Totôi. Pra quem não conheceu tratava-se do pai de Raimundo Targino, avô de Custódio de tio João Martins, de quem (Custódio) deve ter herdado algumas peraltices, eita velhinho pra gostar de brincadeira. Éramos felizes àquela época apesar das dificuldades.
As famílias eram muito ligadas e por isso mesmo conseguíamos driblar os problemas do dia-a-dia. Era comum agirmos coletivamente para suplantar dificuldades que pareciam instransponíveis, conforme os exemplos citados acima. Vejo que, em parte, esse espírito de coletividade deixou de existir. Nossos pais eram, com certeza, menos instruídos do que nós, e conseqüentemente tiveram menos oportunidades de fazerem acontecer a nossa aldeia, mas ainda assim fizeram um bom trabalho.
E então meus contemporâneos? Vamos seguir a dica de Tolstoi e começarmos a pintar a nossa aldeia, da maneira que queremos que ela seja para nós mesmos e para os nossos filhos. Eu defendo dois filhos da terra na câmara municipal a partir de janeiro de 2013. Só pra começar.
Vandilson Targino – Tecnólogo em Administração Pública.
ome vá se aquetar! voce ainda tá querndo ser prefeito, kkkkkk
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