quinta-feira, 27 de julho de 2017

Lajedo Soledade (Rio Grande do Norte): sítio arqueológico e pinturas rupestres – onde o sertão já foi mar

Os primeiros registros de que foram encontradas pinturas rupestres no Lajedo datam de 1796. Mas só em 1991 foi estabelecido que o local era um sítio arqueológico e que deveria ser preservado. Antes disso, o Lajedo era uma área de extração de calcário. “O que a natureza levou milhões de anos para construir, o homem levou 3 décadas para destruir. Eles extraíam o calcário para fazer cal e vender para usinas de açúcar”, nos contou o nosso guia no Lajedo, Cláudio Sena, que é também diretor do Museu e da Fundação Amigos do Lajedo Soledade.

Cláudio nos contou que uma mulher, a professora Maria Auxiliadora, foi a principal defensora da preservação do Lajedo. Na década de 1970, ela tentava conscientizar os moradores da localidade, que dependiam da quebra de pedras, sobre a  importância de preservar o patrimônio. Quando se tornou professora, convencia as crianças a falar com os pais para não destruir o Lajedo.

Cláudio nos explicou que a formação geológica do Lajedo Soledade é de rocha calcária de origem marinha, o que comprova que o sertão já foi mar um dia. No sítio, também foram encontrados alguns fósseis de animais marinhos.

A trilha é de nível fácil e pode ser feita por crianças, mas é preciso tomar cuidado, pois o caminho é quase todo por entre as crateras. Não demora muito e chegamos ao primeiro painel, como eles chamam os locais onde estão as pinturas.

Cláudio nos conta que as pinturas do Lajedo são da chamada Tradição Agreste (O Lajedo é um dos sítios mais importantes do Brasil neste tipo de tradição) e que teriam entre 3 a 5 mil anos (1 a 3 mil anos antes de Cristo). Mas esta é só uma estimativa, pois a datação feita teve um resultado indeferido. “As pinturas do Lajedo  não tinham matéria orgânica para usar o Carbono 14. Então, a datação toma por base outros sítios arqueológicos,  como Serra da Capivara (Piauí). Mas nos Estados Unidos tem um novo método de datação com pequenas porções de carbono e, com esse método, daria para fazer a datação com precisão. Então, queremos fazer esse”.

Fonte: Compartilhe Viagens.

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