segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cotas, sim


'Quantos alunos negros você observa nas placas dos formados aqui do curso de Direito? E nas placas do curso de Medicina? E quantos cursos mais? Hoje eu posso dizer que estarei em uma placa de um destes cursos. Sou cotista e sou negro'.
A fala corresponde ao aluno do segundo período do curso de Direito da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Pedro Victor Alves Acyoly, de uma família simples, estudante de escola pública da sua cidade Apodi. Concorreu a uma vaga no curso de Direito como aluno cotista, oriundo de escola pública, já que a Uern adota a cota social.
Mas, Pedro, que defende as cotas raciais, será mais um entre muitos estudantes negros que terão acesso aos cursos de nível superior oferecidos pelas instituições de ensino federal em Mossoró a partir da nova lei de cotas raciais, Lei 12.711/2012, que após sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, destina que 50% de todas as vagas dessas instituições serão preenchidas com base nas cotas a partir da reserva das vagas.
Este tema também tem despertado o seu interesse nos estudos e pesquisas como aluno no curso de Direito. Segundo Pedro, as cotas raciais são um modelo de ação afirmativa implantada em alguns países, visando amenizar problemas, como por exemplo, as desigualdades sociais, econômicas e educacionais entre etnias.
“O negro, historicamente, não conta com as mesmas oportunidades que os brancos e isso faz com que ele não tenha acesso a uma educação de qualidade, sendo obrigado por esse motivo a ocupar, em sua maioria, posições subalternas, sem a chance de ter um cargo de prestígio social, ou com um mínimo de justiça social. As cotas não resolvem o problema, mas reduz em muito essa desigualdade histórica”, explica.
As cotas na UFERSA
A professora da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) Ady Canário tem toda uma vida profissional dedicada a estudos relacionados à raça negra. A professora Ady, que coordena o projeto Conexão de Saberes e integra o Núcleo de Estudos Afro Brasileiros (NEAB), também preside atualmente a comissão de Inclusão Social na instituição superior.
 
Nesta semana, a comissão já se reunirá para planejar a implementação da reserva de vagas para a cota racial que já passará a valer para essa seleção do Enem de 2012 visando o ingresso na Ufersa em 2013.
 
Pedro Acyoly conta que se sente feliz em pensar que outros jovens pobres, oriundos de escolas públicas, negros e indígenas vão finalmente ocupar de forma diversificada e democrática, um espaço acadêmico. “Vamos ter mais profissionais com uma visão humanística porque saíram de condições difíceis, para ajudar o crescimento da nossa sociedade”, completa ele
Jornal de Fato.

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