'Quantos alunos negros você observa nas placas dos
formados aqui do curso de Direito? E nas placas do curso de Medicina? E quantos
cursos mais? Hoje eu posso dizer que estarei em uma placa de um destes cursos.
Sou cotista e sou negro'.
A fala corresponde ao aluno do segundo período do curso de Direito da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Pedro Victor Alves
Acyoly, de uma família simples, estudante de escola pública da sua cidade
Apodi. Concorreu a uma vaga no curso de Direito como aluno cotista, oriundo de
escola pública, já que a Uern adota a cota social.
Mas, Pedro, que defende as cotas raciais, será mais um entre muitos estudantes
negros que terão acesso aos cursos de nível superior oferecidos pelas
instituições de ensino federal em Mossoró a partir da nova lei de cotas
raciais, Lei 12.711/2012, que após sancionado pela presidenta Dilma Rousseff,
destina que 50% de todas as vagas dessas instituições serão preenchidas com
base nas cotas a partir da reserva das vagas.
Este tema também tem despertado o seu interesse nos estudos e pesquisas como
aluno no curso de Direito. Segundo Pedro, as cotas raciais são um modelo de
ação afirmativa implantada em alguns países, visando amenizar problemas, como
por exemplo, as desigualdades sociais, econômicas e educacionais entre etnias.
“O negro, historicamente, não conta com as mesmas oportunidades que os brancos
e isso faz com que ele não tenha acesso a uma educação de qualidade, sendo
obrigado por esse motivo a ocupar, em sua maioria, posições subalternas, sem a
chance de ter um cargo de prestígio social, ou com um mínimo de justiça social.
As cotas não resolvem o problema, mas reduz em muito essa desigualdade
histórica”, explica.
As cotas na UFERSA
As cotas na UFERSA
A professora da Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA) Ady Canário
tem toda uma vida profissional dedicada a estudos relacionados à raça negra. A
professora Ady, que coordena o projeto Conexão de Saberes e integra o Núcleo de
Estudos Afro Brasileiros (NEAB), também preside atualmente a comissão de
Inclusão Social na instituição superior.
Nesta semana, a comissão já se reunirá para planejar a implementação da reserva
de vagas para a cota racial que já passará a valer para essa seleção do Enem de
2012 visando o ingresso na Ufersa em 2013.
Pedro Acyoly conta que se sente feliz em pensar que
outros jovens pobres, oriundos de escolas públicas, negros e indígenas vão
finalmente ocupar de forma diversificada e democrática, um espaço acadêmico.
“Vamos ter mais profissionais com uma visão humanística porque saíram de
condições difíceis, para ajudar o crescimento da nossa sociedade”, completa ele
Jornal de Fato.
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