segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Em Apodi como será? Projeto de irrigação está abandonado no sertão do Ceará há 12 anos

No último Sábado (22), foi ao ar no Jornal Nacional da Rede Globo a denúncia do descaso de um Projeto de Irrigação no estado do Ceará implantado pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca. Logo vem a dúvida: Será este modelo de Desenvolvimento pregado pelo DNOCS que queremos para o Apodi e Região?
É como afima o Geógrafo Aziz Ab'Saber* "é impossível tolerar propostas demagógicas de pseudotécnicos não preparados para prever os múltiplos impactos sociais, econômicos e ecológicos de projetos teimosamente enfatizados" (em Artigo A Quem Serve a Transposição do São Francisco).
Veja a seguir a maneira como é tratado esses Projetos de Irrigação que se concretizam com a "falsa" idéia de "Desenvolvimento" , em matéria publicada no site do Jornal Nacional.
Projeto de irrigação está abandonado no sertão do Ceará há 12 anos
Um projeto de irrigação construído com dinheiro público está abandonado no sertão do Ceará há mais de uma década. Sem água, muitos agricultores desistiram das lavouras.

A água do açude chega com fartura ao canal, construído na década de 70 para levar irrigação aos pequenos produtores rurais do sertão cearense. Na área chamada de perímetro irrigado, a terra poderia produzir o ano todo, mesmo durante o período de seca. Mas, não é o que acontece.

A água que passa pelo canal precisa de bombeamento para percorrer a maior parte do perímetro, mas as bombas de uma estação estão quebradas há 12 anos. Por isso, dali em diante, o canal está completamente desativado.

Depois de tanto tempo de abandono, 75% dos 300 quilômetros de extensão do canal estão sem condições de distribuir água, segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de Icó.

"O canal só tem lixo, água de esgoto. A água não chega aos trabalhadores que estão todos endividados nas agências financeiras", diz Alexsandro de Oliveira, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais.

É o caso de Seu Venceslau, que precisou de um empréstimo para fazer um poço e tentar produzir como no passado. “Era suficiente a água para plantar. A gente produziu muito. Toda população vizinha tinha renda, tinha emprego, tinha tudo", lembra o agricultor.

Hoje, muitos desistiram da agricultura por lá. "Eu remendo uns pneuzinhos, vendo uns remédios naturais", conta um morador.

As cooperativas de agricultores foram desativadas junto com o canal. Com o abandono do perímetro e a falta de fiscalização, as terras, que deveriam ser destinadas ao assentamento de produtores, são ocupadas por grandes propriedades particulares.

O Dnocs, Departamento Nacional de Obras Contra Seca, reconhece o problema da ocupação das áreas de assentamento e diz que só com uma nova demarcação da área será possível reativar os canais de irrigação.

"Uma vez constatado o que é que vai ser perímetro, o Dnocs vai diligenciar no sentido de recuperar a infraestrutura para que ele possa voltar a realmente funcionar em seu pleno vapor", avalia Renis Frota, diretor do Desenvolvimento, Tecnologia e Produção do Dnocs.

*Aziz Ab'Sáber, é geógrafo, professor-emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e professor convidado do Instituto de Estudos Avançados da USP.


Fonte: Site do Jornal Nacional

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