A população do Lajedo de Soledade, no município de Apodi, sempre viveu da exploração de cal. Porém, nos últimos anos, a comunidade voltou seus olhos também para a preservação do ambiente em que vivem. Graças à criação da Fundação Amigos do Lajedo de Soledade, a população local passou a ter outras oportunidades de sobrevivência, especialmente através do turismo.
Apesar das mudanças, entre 60% e 70% da população do Lajedo sobrevive da exploração de cal, que até pouco tempo colocou em risco os parques arqueológicos।
Reportagem do JORNAL DE FATO denunciou a invasão das empresas ao parque arqueológico Urubu, bem como os riscos vivenciados pelos trabalhadores responsáveis pela detonação das dinamites usadas para explorar o Lajedo।
A reportagem mobilizou a sociedade de Apodi e levou o Ministério Público a realizar uma audiência pública, onde foi celebrado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre as partes envolvidas, como Fundação de Amigos do Lajedo e Associação dos Produtores de Cal।O Instituto Brasileiro de Preservação do Meio Ambiente (IBAMA) determinou a saída das empresas da área do parque Urubu e designou uma faixa à direita do parque para ser explorada pela atividade calcária.De acordo com Maria Auxiliadora da Silva Maia (Dodora), secretária de Turismo de Apodi e defensora da preservação do Lajedo, as empresas estão respeitando o que foi acordado. Assim, exploração e preservação estão caminhando em harmonia.
No próximo mês, será iniciado um projeto de preservação no Lajedo, custeado pela multa aplicada pelo MP às empresas exploradoras। "O projeto visa contribuir para o desenvolvimento da comunidade de Soledade, através da Educação Ambiental, de forma a garantir-lhes a preservação do ambiente e, consequentemente, das espécies nativas da fauna e da flora, extensiva aos assentamentos do entorno, que se localizam na Chapada do Apodi", informou Dodora.
O projeto será voltado à população infanto-juvenil e adulta, residente no Distrito de Soledade। A forma de recrutamento dar-se-á com a participação das Escolas das Redes Estadual e Municipal, além de Associações Comunitárias, Grupos de Jovens, entre outros existentes.
Dodora ressaltou que uma luta iniciada há dezenas de anos mostra seus resultados a partir do princípio que o Lajedo foi colocado como ponto turístico no cenário nacional. "Além disso, a população do Lajedo está experimentando novas formas de sobrevivência, seja pelo turismo, comércio ou outra atividade que não seja a exploração calcária", acrescentou, destacando que a exploração do comércio de cal e do turismo pode conviver lado a lado.
Museu precisa de reformas
Ponto importante para a transformação do Lajedo de Soledade, o Museu Arqueológico está necessitando de melhorias। Infiltrações na cobertura causaram alguns danos nas paredes e também nas telas que contam a história do Lajedo. Algumas telas, inclusive, já foram retiradas do museu porque estavam em péssimo estado.
De acordo com Cláudio Sena, diretor do museu, há tempos que o local precisa de melhorias, mas não existem recursos para que o serviço seja feito। Ele reclamou que a Petrobras deixou de investir no museu, que ficou praticamente abandonado. "A Petrobras fez o museu, mas não está investindo na sua manutenção", reclamou.
Cláudio reclamou também da ausência do poder público, "que não aplica recursos no Lajedo como um todo"। "A Prefeitura não lembra do Lajedo na hora de definir o orçamento do município", reiterou.Cláudio disse que o Museu recebe cerca de 6 mil visitantes por ano, mas necessitaria receber 2 mil visitantes por mês para se autossustentar. O foco do Lajedo de Soledade é o turismo pedagógico, que está entrando na sua baixa estação, a partir de dezembro até março. A alta estação coincide com o calendário escolar, de abril a novembro.
A Petrobras informou, através da assessoria de imprensa, que planeja realizar serviço de manutenção no museu do Lajedo da Soledade। Segundo a assessoria, conforme a previsão, os serviços serão iniciados ainda neste mês.
Moradores descobrem novas opções
A transformação do Lajedo de Soledade como ponto turístico veio acompanhada de oportunidades para os moradores da localidade। A moradora Saúde Alves trabalha no Centro de Artesanato há oito anos e lembrou que muitas oficinas de artesanato já foram realizadas com as mulheres da localidade. "A intenção sempre foi melhorar a vida dessas pessoas porque a única alternativa de trabalho era a produção de cal e apenas para os homens", destacou.
Saúde observou que as mulheres do Lajedo se limitavam a cuidar dos afazeres de casa, mas criou uma nova perspectiva com o advento do artesanato. Além de cuidar da casa, as mulheres também passaram a desenvolver uma nova atividade. "Surgiram as oportunidades e as pessoas começaram a desabrochar aquilo que estava escondido", ressaltou.A mudança não se resumiu às mulheres. De acordo com Saúde, os homens também passaram a perceber que era possível sobreviver no Lajedo sem ter que obrigatoriamente trabalhar na produção de cal.
"Os homens passaram a praticar novas atividades como a reciclagem, por exemplo", argumentou।
As transformações existem, mas ainda acontecem a passos lentos. Faltam incentivos para que mais pessoas possam participar dessas atividades. "A grande maioria dos homens acabam indo trabalhar nas caieiras porque precisam de retorno rápido de sua função para manter a casa", lamentou Saúde, que também apresenta um programa na rádio comunitária do Lajedo.
De Fato.
Ogrande Cortez Pereira,uma das maiores expressão cultural deste Estado,dizia que numa administração pública, pior do não fazer,é o abandono da coisa pública. Esta frase retrata a administração da tal GOGO (como dizem os lambe-botas). O calçadão da Lagoa, o Lajedo da Soledade,a Barragem,enfim aos principais pontos turisticos do nosso município abandonados.
ResponderExcluirCorreção: pior que não fazer é o abandono da coisa pública.
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