terça-feira, 30 de setembro de 2014

Estiagem compromete a produção de castanha de caju

O período de início da safra de caju no Rio Grande do Norte não se mostra nada promissora para a maioria dos produtores. O estado, que nos últimos três anos, tem sido castigado pelos baixos índices de chuvas, os agricultores não devem conseguir colher uma boa safra de caju. A seca comprometeu a produção das castanhas e as vendas para o exterior precisaram ser suspensas para evitar prejuízos ainda maiores.

De acordo com o depoimento de produtores da região, a colheita do caju começou, mas esse será mais um ano de dificuldade para a população de Serra do Mel, principal produtor da região.

A falta de chuvas na região tem prejudicado a produção de castanha, principal fonte de renda das famílias potiguares. Durante muitos anos, a castanha vinha sendo o principal produto da pauta de exportação do RN.

O município, que costumava produzir 50 mil toneladas de castanha por ano, não deve chegar a oito mil toneladas nesta safra. Em época de safra, haveria ao menos oito pessoas trabalhando em um dos lotes da região. Mas hoje não há ninguém no local.

As chuvas na região se concentram entre janeiro e abril. De acordo com os especialistas, para garantir uma boa safra seria necessário um volume médio em torno de 800 milímetros, mas choveu apenas 300 milímetros, o que está mais uma vez provocando a queda na produção. “O volume de chuvas registrado neste ano de 2014 foi a metade do previsto, o que acabou causando novos prejuízos”, destaca o técnico agrícola Paulo Almeida com vasta experiência no setor.

A única cooperativa do estado que exportava a amêndoa não está negociando com compradores de fora do país porque não tem produto suficiente para atender aos pedidos.

“Esse ano, o pessoal da Europa já está entrando em contato para comprar. Mas a gente está com medo de fechar um pré-contrato e não cumprir. Se o contrato não for cumprido, quem paga o prejuízo é a gente. O preço é muito alto”, diz João Duarte, presidente da Coopercaju.

A menor oferta provocou aumento no preço da castanha. O quilo está sendo vendido por R$ 3,00. No ano passado, valia 2,50.

Cajucultura potiguar continua em queda

Ao contrário do período entre os anos de 2009/2010, considerado um dos melhores dos últimos anos para a cajucultura potiguar. Neste ano a situação é preocupante.

A safra de 2014 deve ficar bem abaixo do que foi produzido no território potiguar no ano passado, quando foi inferior a 15.000 toneladas. Isso, por causa da seca que atingiu praticamente todos os cajueirais, exceto àqueles cultivados com a variedade precoce e sob o sistema de irrigação.

Por conta da escassez da matéria-prima, muitas fábricas de beneficiamento foram fechadas e as grandes indústrias foram obrigadas a importar castanha dos países africanos.

Em recente entrevista ao Jornal De Fato, o prefeito de Portalegre, Manoel de Freitas Neto, o “Neto da Emater”, relatou a dificuldade dos produtores em manter o cultivo do caju. Segundo ele, a seca que vem atingindo o RN tem feito com que muitos produtores estejam trocando a cultura do caju por outros produtos. Mesmo comprando o produto de outros municípios, como Apodi e Severiano Melo, a situação das fábricas de beneficiamento também está se complicando.

As chuvas que caíram na Região Oeste, sobretudo nos municípios de Serra do Mel, Apodi, Severiano Melo e Portalegre não foram suficientes para oferecer melhores produtividades. Da mesma forma, enquadram-se os municípios da Serra de Santana, principalmente Bodó, Lagoa Nova e Cerro Corá - tradicionais importantes produtores de castanha de caju.

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