quinta-feira, 18 de abril de 2013

“UMA PESSOA PODE ENGANAR O MUNDO TODO, MAS NÃO POR MUITO TEMPO”

 Raimundo Marinho Pinto
(Esmiuçador de Biografias e de Fatos Históricos)
Email:raimundomarinhopinto@bol.com.br

 Na década de 1950, aconteceu um episódio histórico, envolvendo o historiador LUIZ DA CÂMARA CASCUDO e um estudante de direito.

O rapaz encontrara Cascudo no Rio de Janeiro, num restaurante, e, ao ser interpelado por este, sobre se era filho de Hermes Lima, respondera brincando que sim.

Cascudo saudou-o efusivamente: “Sou amigo do seu pai; quando for a Natal me procure”. O estudante se chamava Bartolomeu, era um boêmio criativo, gostava da farra e da hilaridade.  Tinha um amigo companheiro de aventura um médico, cearense rico, bonachão, seu confidente de brincadeiras e armações, conhecido como Dr. Bié. O espírito da coisa era enganar pessoas maduras e importantes, passando-se por alguém ou filho de alguém importante, somente com o intuito de gozar a boa fé e inocência dos outros.

Era uma fantasia, mas que podia trazer consequências desastrosas, se por acaso falhasse o plano que Bartolomeu montava com o apoio moral e financeiro do Dr.Bié, folclórico personagem da boêmia de Fortaleza. Não era o caso de golpe ou de vigarice. Era uma brincadeira boêmia, sem requinte de maldade, que não dava prejuízo a ninguém, a não ser como no caso de Natal, onde não deu certo para nenhuma das partes envolvidas.

Bartolomeu com brincadeiras com o Dr.Bié: “Vou a Natal pregar um trote em Dr. Cascudinho. Espero por você lá para pagar as contas que vou fazer, e depois o acompanho ate Fortaleza”.

O estudante chamava-se Bartolomeu dos Santos, mas identificou-se na cidade de Natal como Bartolomeu Lima, suposto filho do grande mestre de direito e político esquerdista, Hermes Lima, que viria ser mais tarde primeiro-ministro do governo João Goulart, no regime parlamentarista, ministro do exterior e do supremo tribunal federal.

Bartolomeu chegando a Natal procurou o mestre Luiz da Câmara Cascudo, sendo recebido pomposamente. Cascudo ofereceu-lhe um jantar, em sua residência. Serviu-lhe um bom vinho e um especial conhaque espanhol. Cercou-o dos seus melhores convivas. Convidou os amigos importantes para homenagear o filho do seu velho companheiro Hermes Lima.

Bartolomeu era uma figura inteligente. Conhecia literatura. Declarava os grandes poetas. Memória privilegiada repetia integralmente crônicas famosa de Rubem Braga, sobre uma “caçada de pacas”.

O rapaz agradou tanto aos convidados de Cascudo, que no dia seguinte era convidado por Américo de Oliveira Costa, então Secretário Geral do Estado, para almoçar no “Granada Bar” uma deliciosa lagosta, irrigada de vinhos, francês, tendo como convidados Edgar Barbosa e Antonio Pinto de Medeiros, que ouviriam a memorização da crônica do velho Rubem.

Depois de conhecer e conversar com outras figuras ilustres da cidade, durante o dia, Bartolomeu à noite refestelava-se nos salões de Maria Boa, ouvindo o piano de Paulo Lira, tomando bom uísque, cercado por damas bonitas e elegantes. Ali ele dizia: ”Aqui quem paga sou eu”.

Certo que contava com a chegada do seu amigo rico, no final de semana de tanta festa e recepção. Para tanto, preparou a embaixada de músicos e novos amigos para recepcioná-lo no aeroporto. Convocou o tocador de sanfona Zé Menininho e os seus novos conhecidos de boêmia, Roberto Freire e Luiz de Barros. Foi uma decepção. Dr.Bié não chegou, nem, mandou recado.

Voltando para os braços da noite e da bonita mulher que o aguardava em Maria Boa, caiu em sono profundo. Sua companhia de noitadas, por experiência, inspecionou-lhe o bolso do palito. Não encontrou dinheiro, nem cheque. Apenas uma identidade com um sobrenome diferente e a filiação também.

Acordada a dona da pensão, Maria Boa, esta convocou a policia. Ai começou o calvário do venturoso Bartolomeu, personagem das noites cariocas e dos trotes, das gozações, das armações, enganações. Estava preso para pagar uma dívida de três noites de muito uísque, jantares e indenização  ás meninas que ficaram à sua disposição.

Certo dia chega um informe da delegacia de ordem política e social, que ficava na Ribeira, no prédio da antiga chefatura de policia. Dizia à informação que um estudante de direito, preso, precisava da presença de um repórter, para prestar esclarecimento a respeito de sua detenção.

Dirigiu-se ao local, papel e caneta à mão. O repórter Ticiano Duarte do Diário de Natal deparou-se com um jovem simpático, comunicativo, alegre, detido numa das salas da delegacia.

Ao ver o repórter, foi logo dizendo: ”Meu caro repórter, sou estudante de direito, estou aqui numa situação desconfortável”.

 E passou a narrar sua aventura, que deu lugar a uma longa e interessante reportagem, sobre incidente envolvendo pessoas ilustres da cidade, inclusive nosso querido mestre Luiz da Câmara cascudo.

Entregou uma carta pedindo desculpas à cidade. Reconhecendo o crime que cometera. A falta imperdoável. Cascudo não merecia o seu gesto irresponsável: “O meu crime é internacional. Cascudo é um homem do mundo, respeitado e admirado”.

A cidade o perdoou, o governo Sylvio Pedrosa mandou dar-lhe a passagem de volta e deixá-lo no aeroporto, sob a guarda da polícia civil. E pediu que Edilson Varela (jornalista) parasse com as noticias sobre Bartolomeu, que tanto constrangerá: Cascudo. O mestre que não queria nem ouvir falar na história do filho de Hermes Lima.

Não se sobe mais noticia de Bartolomeu dos Santos, das suas fanfarreadas, bravatas e audácias que enriqueceram o folclore da boêmia da cidade.

Moral da história, “Uma pessoa pode enganar o mundo todo, mas não por muito tempo”
Fonte: Anotações do meu caderno – Ti ciano Duarte.

Um comentário:

  1. Parabéns,ao Amigo Raimundo Marinho Pinto-(Pintinho)
    -Esta sua Excelente Dissertação,é a Autêntica e Verídica - REALIDADE,que aconteceram no Milênio e Século Passados,com os Pseudos Profetas,Líderes,Ditadores e,por conseguinte "SALVADORES DA PÁTRIA" das Estirpes:-ITÁLIA-(Benito Mussolini);ALEMANHA-(Adolf Hitler);ARGENTINA-(Juan Domingos Peron);CUBA(Fidel Castro),VENEZUELA (Hugo Chaves)e; BRASIL (Fernando Collor de Melo).
    Em SÍNTESE: - O POVO deve ter muito Cuidado,com os Falsos Discursos, Factóides,Promessas Mirabolantes e,as "Extraordinárias"-Oratórias. - -Estes são os Mecanismos dos Experts,Falsos Líderes e Falsos "SALVADORES DA PÁTRIA". Exclusivamente para LUDIBRIAR, USUFRUIR DA BOA FÉ do POVO. Ou Seja:- ENGANAR AO POVO.
    -Mestre Pintinho, sua Frase,seria Melhor Enfatizada:- "UMA FALSO LÍDER PODE ENGANAR AO MUNDO TODO. MAS NÃO AO POVO,POR MUITO TEMPO".
    -Mestre "Pintinho", Gostei desse seu Recado.Pois Nós (POVO),Sabemos que,com Certeza, Insere-se à CARAPUÇA de um Determinado Falso Líder Político,aqui do nosso Querido e Amado Apodi-RN,com ps Falsos Discursos,suas Brilhantes Oratórias e, por conseguinte: - Falsas Promessas Mirabolantes.
    Obrigada, meu Extraordinário Radialista e Excelente Blogueiro - Josenias Freitas.

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