sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O PRIMO QUE ERA TIO E O SOBRINHO QUE ERA IRMÃO

Quem teve o privilégio de conviver com esses dois homens, por certo concordará com o que tentarei escrever a respeito deles. Duas grandes características comuns aos dois, que para mim sintetizam suas personalidades: a generosidade e o bom humor. Quem não se lembra, com saudade de um adjetivo sempre presente no vocabulário dos dois: “desastrado” que às vezes era empregado para se referir, a um “trabalhador” mais relapso, sem que isso fosse entendido por ele ou por qualquer pessoa como uma ofensa tendo em vista que já conhecia quem falava. Ambos eram generosos com as pessoas que se chegavam para trabalhar e iam ficando, ficando e moravam anos e anos compartilhando da mesa e do teto dos seus empregadores.


Manoel Targino e Raimundo Targino, filho e neto do patriarca Francisco Targino da Costa, respectivamente meu pai e primo. Primo? Não! Eu cresci e me acostumei a chamá-lo de Tio Raimundo e a pedir-lhe a bênção, porque essa era a imagem que eles passavam para todos nós. Passavam a imagem de dois grandes irmãos muito parecidos em suas maneiras de ser e de agir.
Em julho de 2011, perdemos Manoel Targino (Badu) meu querido pai aos 87 anos de idade. Em seu velório escutei depoimentos de pessoas que diziam morreu o pai dos pobres da nossa época em Soledade. Outros filhos por afinidade compareceram para prestar a última homenagem a quem eles consideravam de pai por terem sido ajudados e acolhidos em momentos de dificuldades em suas vidas.


Ao final de 2011, perdemos Raimundo Targino, o meu primo-tio, sobrinho do meu pai a quem ele considerava irmão. Tio Raimundo, assim como Tio Badu como era conhecido meu pai, não tinham apego as coisas materiais. O que tinham não lhes era precioso se não pudessem compartilhar com quem deles precisassem. Viveram assim, serviram a familiares e a comunidade de Soledade. Acho que aprenderam com nossos patriarcas que passaram a nossos pais a necessidade de se ajudarem para enfrentarem as grandes dificuldades, tendo em vista que pertenciam praticamente todos a uma grande família – a família TARGINO - a qual honraram com as suas vidas íntegras, pautada na boa conduta.


Por fim estendemos a nossa singela homenagem a outros grandes homens e mulheres que nos deixaram órfãos recentemente: Tio Odilon Targino, Tio João Martins, Tia Preta, Meu Padrinho Natin Targino, Tio Lôla e outros que merecem a nossa homenagem (e aí no meio tem outros primos-tios).


Cabe ainda registrar repúdio à Câmara Municipal de Apodi que manifestará sua total falta de sintonia com a comunidade de Soledade, no quesito homenagem, pois através de Projeto de Resolução aprovado pelos senhores vereadores homenageará um cidadão mossoroense, quando da inauguração da UBS-Unidade Básica de Saúde a ser inaugurada no Distrito. Isso para mim é uma forma de “desomenagear” (deixar de homenagear) os grandes vultos da nossa comunidade.

Por: Vandilson Targino

Um comentário:

  1. Vandilson me fez lacrimejar os olhos agora. Mesmo tendo perdido meu pai aos quase cinco anos de idade (março/1975), sempre tive todos os citados acima, junto com eu avô Miguel Preto a referência de honestidade, hombridade, desprendimento e amizade. Sempre que um deles foi morar com o Pai, me sentí um pouco mais órfão. Para minha tristeza, está cada vez mais raro encontrar nas gerações posteriores valores morais na mesma proporção que eles tinham e nos ensinaram. Parabéns pelo excelente texto.

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