quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Uern: produção de suco a vapor na zona rural de Apodi/RN

Duas ideias e um cenário propício para colocá-las em prática. A primeira partiu do estudante Antônio Torres Geracino, de 18 anos, e a segunda do professor-doutor Vinícius Claudino de Sá, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). O cenário é a localidade Córrego, distante 12km da área urbana do município de Apodi.

A primeira ideia (conservar frutas com cera de abelha) nasceu no início de 2013, numa escola secundarista dos estudantes Antônio Torres Geracino, Jociel, Hudembergue e a professora Gidelia. “Mostramos a ideia de preservar a fruta com cera de abelha e começamos a fazer os testes. A banana fica conservada por até 25 dias”, destaca Geracino.

Geracino disse que teve essa ideia, pois observava grande desperdício de frutas e como em Apodi produz muita cera de abelha, em função da produção de mel, “colocamos a cera num recipiente no fogo, deixamos a temperatura subir a 80 graus. Depois de derretido, colocamos a fruta dentro e retiramos bem rápido, gerando uma película de proteção”, explica.

Os estudantes e a professora foram convidados para expor a ideia em São Paulo. Lá, foi visto pela produção do apresentador do Caldeirão do Hulk, que entrou em contato meses depois para gravar. “Primeiro, gravaram tudo aqui e depois fomos participar do programa ao vivo nos estúdios da Rede Globo no Rio de Janeiro”, relata Geracino.

A segunda ideia veio de Vinícius Claudino de Sá. O professor-doutor conta que visitou a localidade de Córrego, em Apodi, e constatou o grande potencial de produção de frutas e a organização dos moradores. Observou o cenário prefeito para colocar em prática o que ele havia visto funcionando bem no Rio Grande do Sul: extração de polpa a vapor.

A proposta foi formatada pelo professor e seus alunos, juntamente com os moradores da localidade e apresentado para concorrer ao prêmio Santander Universidade Solidária, edição 2013. Venceram. Com o valor do prêmio, os professores compraram a máquina extratora de suco a vapor e outros equipamentos.

“Os primeiros testes apontaram viabilidade. “Esse processo garante qualidade do produto e reduz os custos de produção.  As sobras do processo serão utilizadas para a produção de razão animal ou na produção de bolos, doces, geleias e biscoitos”, destaca o professor.

Os moradores da localidade, através da Associação de Mini Produtores de Córrego e Sítios Reunidos (AMPC), adotaram o projeto. O presidente da entidade, Antônio Marcolino Torres, disse que, no primeiro momento, 30 moradores foram capacitados para extrair suco da fruta através de uma máquina a vapor.  “Fiquei muito feliz”, diz a moradora Paloma Poliana Sousa e Silva, de 22 anos, licenciada em Química pelo Instituto Federal de Educação Tecnológica.

Vinícius Claudino contou que o próximo passo é usar os recursos do Prêmio Santander para construir a sede própria da fábrica de suco, instalar os equipamentos, consolidar os produtos (sucos e doces), formação da(o) responsável técnico, registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e, por fim, comercialização do produto.

A meta é conseguir colocar em prática as duas ideias até o final de 2015. E, conforme o professor, “são ideias simples, de custo baixo, que é viável ser aplicado em todas as outras localidades, aproveitando a produção de caju, cajarana, manga, entre outros tipos da região”, explica o professor coordenador do projeto.

CÉZAR ALVES
Da redação do De Fato.

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