Os municípios de Apodi e Pau dos Ferros pertencem a Mesorregião Oeste Potiguar, porém são de microrregiões distintas. Microrregião da Chapada do Apodi e Microrregião de Pau dos Ferros respectivamente.
Não pretendo fazer uma explicação técnica dos dados acima, tendo em vista não ter formação nessa área, mas vamos analisar do ponto de vista prático o que pode ter ocorrido, ao longo do tempo, pra que as economias das duas cidades assumirem comportamentos diametralmente opostos.
Primeiro, vamos focar a questão territorial, as duas freguesias ou vilas inicialmente possuíam áreas territoriais semelhantes, Apodi manteve seus quase 1.603 km². Essa vasta extensão territorial, faz com que o município tenha quatro regiões distintas dentro de um mesmo município, com caraterísticas peculiares. São elas: a região do vale, a região da areia, a região da pedra e a região da chapada. Com isso a sede, com o tempo, tornou-se polo apenas de suas comunidades. São mais de uma centena de comunidades distribuídas por uma imensa zona rural, que geram riquezas, mas que dependem dos parcos recursos do município para se desenvolverem e que ano após ano fica provado que esses recursos são insuficientes.
Existem no município grandes potencialidades e muitas possibilidades de desenvolvimento, mas isso não acontece pela falta de investimento. O que se vê é que quando o município se volta para atender as necessidades de uma região, deixa de atender outra. É a síndrome do lençol curto, quando se puxa o lençol para cobrir o vale descobre-se a região da areia, quando se quer cobrir a região da pedra, descobre-se a região da chapada e vice-versa e quando se puxa para atender a sede, o que normalmente acontece, descobrem-se todas as outras.
De sorte que sem condições de fazer investimentos em suas potencialidades, o município anda de marcha à ré sem condições de se destacar como polo dos demais municípios da microrregião da chapada do Apodi, correndo o risco de perder a posição de liderança para o vizinho município de Caraúbas, o que já começa a acontecer como no caso da Ufersa.
Já o município de Pau dos Ferros abdicou da vasta extensão territorial emancipando todos os seus distritos criados em divisão territorial datada de 1º de dezembro de 1955, Pau dos Ferros era constituída de quatro povoados; Sede, Joaquim Correia, Rafael Fernandes e Riacho de Santana. Porém todos foram extintos ou elevaram-se à categoria de cidades, restando atualmente apenas a Sede.
Essa corajosa decisão fez com que a gigante vila de Pau dos Ferros fosse reduzida a apenas 259,960 km², praticamente sem zona rural e esse processo continua acontecendo devido à necessidade de expansão da próspera zona urbana. O limite entre o campo e a cidade está deixando de ser visível e a população do campo vem decrescendo a cada ano.
Também por causa do crescimento do município e cidades próximas, foi criada a Microrregião de Pau dos Ferros, da qual a cidade de Pau dos Ferros é polo. A microrregião reúne além de Pau dos Ferros, outros dezesseis municípios. São alguns deles: Francisco Dantas, José da Penha, Marcelino Vieira, Paraná, Pilões, Portalegre, Riacho da Cruz, Rodolfo Fernandes, São Francisco do Oeste, Severiano Melo, Taboleiro Grande, Tenente Ananias e Viçosa. Em 2006 sua população foi estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em cerca de 116.160 habitantes em uma área total de 2.672,604 km². O Produto Interno Bruto (PIB) per capita médio de R$ 2.144,52 em 2003. Localiza-se na Mesorregião do Oeste Potiguar.
Dessa forma a cidade de Pau dos se consolidou como líder de sua microrregião como sempre foi desde os tempos dos Rocha Pita isso motivado naturalmente pela sua localização geográfica.
Para que a cidade de Apodi possa melhorar o seu IDH serão necessários investimentos e como as receitas por aqui não sobram, o remédio é cortar despesas. Pau dos Ferros ousou e transformou despesas em receitas, a médio e longo prazo. Acertou em cheio quando emancipou seus distritos e reduziu o seu território a menos de vinte e cinco por cento do total.
Apodi está ainda em uma posição privilegiada e tem uma região com características bem distintas, a região da chapada, que pode se mostrar viável pra seguir por conta própria e isso, diferentemente de décadas atrás, poderá ser comprovado cientificamente através dos estudos de viabilidade municipal. Isso dependerá de um processo que se desencadeará em breve, onde a população do município de forma amadurecida e bem informada estará apta para dar o seu veredicto.
Por: Vandilson Targino, tecnólogo em Administração Pública.