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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Tapuias de Apodi tentam instalar museu via Governo Federal

Em Apodi, no interior do Rio Grande do Norte, Gabriela, de 15 anos, disse em sala de aula que o livro de História estava mentindo. Brigou com o professor, perdeu ponto na média e os pais foram chamados à escola. O caso se deu porque Gabriela não pode acreditar que no seu estado não existem índios. Sua avó, Lúcia Maria Tavares, é tapuia e organiza um museu sobre a extinta comunidade a qual pertence sua ascendência. É Lúcia quem conta o que aconteceu com a neta. E também com os seus avós.

Foi por esse desejo de falar sobre o passado e se reafirmar indígena que ela chegou à Fundação José Augusto acompanhada da conterrânea Mônica Freitas. As duas querem institucionalizar a história desse povo, começando com o Museu Luiza Cantofa, em homenagem à pajé morta em 1825 por ter incentivado revolta anos antes com João do Pego.

Por meio do edital da Funarte Povos Indígenas, elas querem instalar o museu, com peças líticas que estão sendo reunidas entre as 40 famílias que pertencem à Associação Tapuia Taiacu da Lagoa do Apodi.

“Nosso objetivo é preservação da Cultura. Queremos assegurar um local para as peças do acervo”, explica Mônica, ressaltando a importância da afirmação dos povos indígenas, que continuam exilados.

“Cada peça que a gente encontra quer dizer ‘estivemos aqui, nosso povo não morre’. Tem gente que não quer vir para as reuniões na cidade porque diz até hoje que os brancos vão fazer com eles o mesmo que fizeram a Luiza Cantofa”, diz Lúcia, que luta pela reconstrução da identidade do povo que perdeu terras e esqueceu sua própria língua.

“A comunidade foi desfeita com a colonização holandesa. Quem ficasse lá morria. Por isso fugiram e se dispersaram. E se eles falassem o idioma eram presos”, esclarece, explicando que dessa forma, os que voltaram viviam refugiados e não queriam ser identificados como indígenas.

Para que mais pessoas tenham acesso ao edital Pontos de Cultura Indígena e aos editais de Cultura de Redes e Pontos de Mídia Livre, o Ministério da Cultura (MinC) continua realizando oficinas no Rio Grande do Norte, com apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação José Augusto.

Foto: Isabela Santos/Fonte: FJA

Um comentário:

  1. Por que não preservar essa cultura.
    E muito importante.
    Resgatar essa história.
    Parabéns Lúcia.

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